O que é filosofia? A filosofia não é uma ciência, nem mesmo um conhecimento; não é um saber a mais: é uma reflexão sobre os saberes disponíveis. É por isso que não se pode aprender filosofia, dizia Kant: só se pode aprender a filosofar. Como? Filosofando por conta própria: interrogando-se sobre seu próprio pensamento, sobre o pensamento dos outros, sobre o mundo, sobre a sociedade, sobre o que a experiência nos ensina, sobre o que ela nos deixa ignorar... Ela não é uma especialidade, nem uma profissão, nem uma disciplina universitária: ela é uma dimensão constitutiva da existência humana. É claro que podemos raciocinar sem filosofar, viver sem filosofar. Mas não podemos, sem filosofar, pensar nossa vida e viver nosso pensamento: já que isso é a própria filosofia.
É necessário filosofar porque é necessário refletir sobre o que sabemos, sobre o que vivemos, sobre o que queremos, e porque nenhum saber basta para empreender essa reflexão nem nos dispensa dela. A arte? A religião? A política? São grandes coisas, mas também devem ser interrogadas. Ora, a partir do momento em que as interrogamos, ou nos interrogamos sobre elas um pouco profundamente, saímos delas, pelo menos em parte: já damos um passo para dentro da filosofia. Interrogar a filosofia não é sair dela, é entrar nela.
Toda filosofia é um combate. Sua arma? A razão. Seus inimigos? A tolice, o fanatismo, o obscurantismo. Seus aliados? As ciências. Seu objeto? O todo, com o homem dentro. Ou o homem, mas no todo. Sua finalidade? A sabedoria: a felicidade, mas na verdade. Tem pano para muita manga, como se diz; ainda bem, porque os filósofos gostam de arregaçá-las!
Autor
Nascido em Paris, em 1952, André Comte-Sponville é autor de uma obra filosófica descomplicada e bastante popular na França e fora dela, na qual ele transita por temas clássicos, como o amor e a felicidade, e as urgências da vida contemporânea.
É necessário filosofar porque é necessário refletir sobre o que sabemos, sobre o que vivemos, sobre o que queremos, e porque nenhum saber basta para empreender essa reflexão nem nos dispensa dela. A arte? A religião? A política? São grandes coisas, mas também devem ser interrogadas. Ora, a partir do momento em que as interrogamos, ou nos interrogamos sobre elas um pouco profundamente, saímos delas, pelo menos em parte: já damos um passo para dentro da filosofia. Interrogar a filosofia não é sair dela, é entrar nela.
Toda filosofia é um combate. Sua arma? A razão. Seus inimigos? A tolice, o fanatismo, o obscurantismo. Seus aliados? As ciências. Seu objeto? O todo, com o homem dentro. Ou o homem, mas no todo. Sua finalidade? A sabedoria: a felicidade, mas na verdade. Tem pano para muita manga, como se diz; ainda bem, porque os filósofos gostam de arregaçá-las!
Autor
Nascido em Paris, em 1952, André Comte-Sponville é autor de uma obra filosófica descomplicada e bastante popular na França e fora dela, na qual ele transita por temas clássicos, como o amor e a felicidade, e as urgências da vida contemporânea.
Montaigne, Espinoza e Epicuro estão entre as maiores influências do filósofo. Ateu declarado, Comte-Sponville não renega, no entanto, a educação católica recebida durante a infância e a adolescência, e suas obras estão carregadas de referências ao budismo e a outras religiões orientais, das quais ele diz ser grande admirador.