Renoir (2012) de Gilles Bourdos.
Elenco: Michel Bouquet, Christa Theret e Vincent Rottiers.
Drama que explora os últimos anos de vida de um dos maiores pintores da história, numa elaborada abordagem que vai da introspecção sobre a finitude da vida à contemplação sobre a beleza das formas.
Não há aulas de arte ou apresentação de obras e a narrativa concentra-se tão somente nos personagens. O obra não é apenas sobre o Renoir da pintura, mas também do Renoir do cinema.
O filme se passa em 1915 e apresenta um Pierre-Auguste Renoir alquebrado pelas enfermidades da velhice, preocupado com o destino dos filhos, enviados para lutar naPrimeira Guerra Mundial.
Vale ressaltar a magistral interpretação de Michel Bouquet no papel do artista, marcada pelo minimalismo: gestos contidos, expressões sutis, suspiros e olhares que valem por diálogos inteiros.
Um ponto forte do filme são as tomadas no atelier e no campo aberto, repletas de uma luz dourada, que lembram pinturas do próprio Renoir.
O retorno do filho Jean Renoir (Vincent Rottiers), ferido na guerra e posteriormente aclamado como um grandes diretores do cinema, ressalta a importância de Andrée, por quem ele se apaixona. A jovem não conheceu a glória dos Renoir. No entanto, ao reavivar o gênio do mestre da pintura e ao estimular em Jean o desejo pelo cinema, ela assume papel central na trama: sem ela Renoir Pai se prostaria e Renoir Filho não optaria pelo cinema.
“Renoir”, o filme, é a história de como acontecimentos fortuitos e aparentemente de menor importância, como quando conhecemos pessoas despidas de status social ou de brilho intelectual, podem ser momentos luminosos e cruciais sobre os quais teremos consciência somente depois de vivê-los.
*Por Wanderley Filho
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