A história das guerras costuma ser contada sob o ponto de vista masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se, porém, de um equívoco e de uma injustiça que merecem revisão histórica. Se de fato em muitos conflitos as mulheres ficaram na retaguarda - condição essencial, aliás -, em outros elas efetivamente foram à luta.
É este episódio de bravura feminina que Svetlana Aleksiévitch reconstrói num livro absolutamente apaixonante, forte e fundamental. Trata-se de uma reescrita audaciosa da história da Segunda Guerra Mundial. A autora vencedora do Nobel de literatura em 2015, dá voz a franco-atiradoras, voluntárias, garotas que pilotavam tanques, enfermeiras de hospitais de campanha - enfim, mulheres muito jovens que ouviram o chamado da pátria e foram combater as tropas nazistas de Adolf Hitler.
Quase um milhão de mulheres lutaram nas fileiras do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, mas a sua história nunca foi contada com o devido empenho. Este livro contém as memórias de centenas delas. Vozes que ajudam a reconstruir, com pungência, concretude e eloquência um processo de amadurecimento diante da mais nefasta das atividades humanas.
O que aconteceu? Como elas se transformaram em guerreiras? Como era o aprendizado diário da morte? Veteranas de uma guerra sanguinária e brutal, as mulheres ouvidas pela autora relatam pela primeira vez o capítulo mais sombrio de suas vidas. Elas evocam sujeira e frio, fome e violência sexual, angústia e a sombra onipresente da morte. Svetlana Aleksiévitch deixa que suas vozes ressoem neste livro angustiante e arrebatador.
Autora
Svetlana Aleksiévitch nasceu na Ucrânia, em 1948. Jornalista e escritora, refinou ao longo de sua obra uma escrita única, desenvolvida a partir de observação da realidade e ostentando as melhores qualidades narrativas da tradição da literatura em língua russa. Em 2015, recebeu o prêmio Nobel de literatura.