Esqueça todas as séries protagonizadas por mulheres que você já tenha visto. Em tempos de luta contra os estereótipos de gênero e readequação de discursos, “Big Little Lies”, da HBO, faz história com uma trama que dá às personagens femininas o seu devido valor. Com um elenco estrelado por Nicole Kidman, Reese Wintherspoon, Shailene Woodley, Zoë Kravitz e Laura Dern, o drama de sete episódios, baseado no best-seller de mesmo título escrito por Liane Moriarty, conta com situações e diálogos um tanto incomuns para uma ficção. Relacionamento abusivo, crises de maternidade, infidelidade e o valor da sororidade permeiam a história das cinco mães, que, em comum, só têm o fato dos filhos frequentarem a mesma escola.
“Com frequência, sou a única mulher do set”, declarou Reese sobre o motivo que a fez aceitar o convite para não só atuar brilhantemente ao lado de outros nomes de peso, como também dividir a produção executiva do trabalho com a colega Nicole Kidman. “Formamos um grupo realmente interessante de mulheres cujos trabalhos eu sempre adorei. Ter trabalhado com elas todos os dias foi um grande prazer. Aprendi tanto com cada”, disse a atriz de 40 anos à People.
Contada através de uma ordem cronológica desconstruída, a história se passa na pequena baía de Monterey e tem como conflito central um assassinato não resolvido, cujos meandros são revelados pouco a pouco em formato de flashbacks cheios de tensão. Uma verdadeira trama policial que não te deixa desviar o olhar nem por um segundo. Perder um capítulo então, é impensável!
Na pele da mulher alfa Madeline Martha Mackenzie, Reese Wintherspoon, vencedora do Oscar de melhor atriz por "Johnny & June", em 2005, tem sido superelogiada pela “melhor atuação de sua carreira”, segundo os críticos. Além de ser absolutamente leal às suas amigas, Madeline faz malabarismos com a vida pessoal e abre o peito com frequência sobre o drama da dedicação integral à maternidade, principalmente quando vê a filha mais velha se encantar pela jovem madrasta Bonnie Carlson [Zoë Kravitz], adepta de uma vida saudável e praticante de ioga. Sua melhor amiga é a mãe de gêmeos Celeste Wright [Nicole Kidman], que esconde um segredo obscuro enquanto luta contra a violência doméstica em um casamento de aparência.
Nova na cidade, a mãe solteira Jane Chapman [Shailene Woodley] ganha a confiança da dupla, enquanto esconde um passado ferido por uma experiência traumática. Dono de uma personalidade misteriosa, Ziggy [Iain Armitage], filho único da jovem, precisa lidar com problemas de relacionamento na escola e encontra na filha da publicitária bem-sucedida Renata Klein [Laura Dern] sua maior inimiga. A crise entre as crianças se desdobra em um sério problema de relacionamento entre as mães. Tudo isso amarrado por um crime ainda sob investigação que faz efervescer as tensões entre os pais dos alunos.
Como coadjuvantes atuam Alexander Skarsgård (Perry, marido de Celeste), Adam Scott (Ed, marido de Madeline), James Tupper (Nathan, ex-marido de Madeline) e Jeffrey Nordling (Gordon, marido de Renata).
Para além do crime, a trama já nos primeiros episódios choca com cenas de violência doméstica, moral e sexual vivida pela personagem de Kidman, que se vê completamente envolvida com um marido abusivo, que encanta pela jovialidade e beleza. Já a mãezona interpretada por Reese traz para a TV os discursos feministas ecoados nas ruas e nas redes ao sugerir que as filhas adotem uma postura independente e forte. Por outro lado, mostra toda a sua fragilidade ao perder o controle sobre a primogênita, uma adolescente rebelde que busca ajuda na ONG Planned Parenthood [de planejamento familiar e pró-aborto] na hora de adotar um método anticoncepcional. Laura Dern vive uma executiva que alcançou a tão almejada posição de destaque profissional, que vê pouco a pouco o seu casamento entrar em crise ao sobrepor o trabalho e os dramas da filha aos seus desejos sexuais. Em paralelo, a personagem de Shailene Woodley expõe toda a dificuldade emocional de criar sozinha um filho problemático.
Neste mosaico de histórias que refletem a realidade de inúmeras mulheres, "Big Little Lies" se apresenta não só como uma série absolutamente imperdível, mas também necessária!
Por Redação Marie Claire