Amós Oz é o mais importante escritor israelense da atualidade. Candidato constante ao prêmio Nobel, fez de sua obra uma reflexão profunda sobre o destino do povo judeu. Quais cicatrizes a história turbulenta do país deixou sobre seus habitantes? Que marcas imprime no indivíduo uma vida atravessada pela guerra? Há solução possível para um conflito que remonta a tempos imemoriais? Judas é exemplo claro da densidade de sua obra.
O protagonista é Shmuel Asch, um estudante que se vê em apuros no inverno de 1959: sua namorada o deixou, seus pais faliram e ele foi obrigado a abandonar os estudos na universidade e interromper sua pesquisa - um tratado sobre a figura de Jesus sob a ótica dos judeus.
Passado o desespero inicial, ele encontra morada e emprego numa antiga casa de pedra, situada num extremo de Jerusalém. Durante algumas horas diárias, sua função é servir de interlocutor para um velho inválido e perspicaz. Na mesma casa, vive uma mulher bonita e sensual chamada Atalia Abravanel, com quase o dobro de sua idade. Shmuel é atraído por ela, até que a curiosidade e o desejo transformam-se numa paixão sem futuro.
Neste romance cheio de lirismo, Amós Oz retorna ao cenário de alguns de seus livros mais apreciados, entre eles Meu Michel e De amor e trevas: a Jerusalém dividida em meados do século XX. Ao lado de seus personagens, Oz é corajoso o bastante para questionar o estabelecimento de um estado para os judeus, com suas consequentes guerras, e se pergunta se seria possível eleger um caminho histórico diferente.
Autor
Amós Oz, cujo nome era Amos Klausner, nasceu em Jerusalém em 1939. Escritor, militante político e combatente, participou da Guerra dos Seis Dias e do Yom-Kippur, é fundador do movimento pacifista israelita Shalom Akhshav.
Em 1954, quando ingressou no Kibbutz Hulda, trocou o seu sobrenome para Oz, palavra hebraica que significa coragem.
Seus livros, todos de viés doutrinários, receberam inúmeros prêmios, destacando-se o Prêmio da Paz de Frankfurt, o Prix Femina Étranger, o Prêmio Israel, a Legião de Honra, na França, o Prêmio Internacional Catalunya, o Prêmio de Literatura do jornal alemão Die Welt, o Prêmio Príncipe das Astúrias de letras.