Juliana Bollini nasceu e morou em Buenos Aires, onde estudou Artes Visuais, se especializou em gravura e se apaixonou pelo papel machê. Veio para o Brasil com 24 anos e desde sempre vive em São Paulo numa colorida casa-ateliê. Ganha seu pão com os personagens/objetos que cria para lojas, casas, livros, capas de discos e onde mais couber cor, beleza e intensidade. E adivinhe de onde veio sua inspiração? Dos moldes de roupas de avó costureira, a primeira a apresentar o papel como objeto em transição. Ama Bispo do Rosário, tem um filho adolescente e um cabelo ruivo que fica lindo quando ela enfeita com suas flores de papel.
Passo o sábado na expectativa da entrevista. Quase no fim do dia, chega a hora. Vamos para lá, estaciono o carro próximo a casa e cai uma chuva forte. Da garagem, a visão de uma ladeira que leva até o portal. Dali por diante, a realidade fica para trás. Estamos imersas num ambiente onírico, dividindo o espaço com fadas, bichos, naves, artistas de circo e seres de outro mundo. Personagens cheios de cores e de vida que nos olham e nos rodeiam enquanto dançam no ar.
Inevitável o tom de fábula ao descrever o ateliê da artista Juliana Bollini – uma argentina que há 18 anos vive em São Paulo, encantando pessoas de todas as idades com seu trabalho em papel machê.
Uma mulher que transborda o feminino. Adornada com uma flor vermelha na cabeça, ela nos recebe com alegria. Explica a importância do papel na sua arte, em como é saboroso transformá-lo em outras coisas e o quanto ela admira sua capacidade de carregar histórias. Juliana tem sensibilidade para dar valor aos registros. Como na vez que usou a carta do pai de uma amiga na produção de uma peça. Ele já havia falecido e suas palavras, soma de sentimentos e caligrafia, foram eternizadas.
A artista sente o papel como se fosse pele, frágil e forte ao mesmo tempo. Ela ama todos os seus tipos: de carta, de livros antigos, de padaria, os datilografados, escritos à mão, estampados com partituras musicais. Tanto faz. Para ela, papel é transformação.
É apaixonada por Bispo do Rosário – um dos artistas plásticos mais fascinantes do Brasil, justamente por sua clareza em resignificar coisas que, somente em si, significam pouco. Mas que, quando manipuladas e coexistindo com outras coisas, se transformam em força, valor, beleza.
Inevitável o tom de fábula ao descrever o ateliê da artista Juliana Bollini – uma argentina que há 18 anos vive em São Paulo, encantando pessoas de todas as idades com seu trabalho em papel machê.
Uma mulher que transborda o feminino. Adornada com uma flor vermelha na cabeça, ela nos recebe com alegria. Explica a importância do papel na sua arte, em como é saboroso transformá-lo em outras coisas e o quanto ela admira sua capacidade de carregar histórias. Juliana tem sensibilidade para dar valor aos registros. Como na vez que usou a carta do pai de uma amiga na produção de uma peça. Ele já havia falecido e suas palavras, soma de sentimentos e caligrafia, foram eternizadas.
A artista sente o papel como se fosse pele, frágil e forte ao mesmo tempo. Ela ama todos os seus tipos: de carta, de livros antigos, de padaria, os datilografados, escritos à mão, estampados com partituras musicais. Tanto faz. Para ela, papel é transformação.
É apaixonada por Bispo do Rosário – um dos artistas plásticos mais fascinantes do Brasil, justamente por sua clareza em resignificar coisas que, somente em si, significam pouco. Mas que, quando manipuladas e coexistindo com outras coisas, se transformam em força, valor, beleza.
Enquanto ela falava para a câmera, a gente percorria seu incrível mundo. Cabeças caídas para trás, bocas abertas, olhos voltados para cima, onde estavam personagens pendurados no teto, habitando as altas prateleiras.
Cena de filme, no qual o papel de Juliana é estabelecer vínculos entre consciente e inconsciente.
Acabou a entrevista, tomamos um café gostoso com bolo, e conversamos sobre os ciclos da vida; dos relacionamentos, da natureza, do próprio papel que ela usa em sua arte.
Me senti pertencente àquele momento. Fiquei feliz em me ter sido permitido. Feliz em estar exatamente ali, com aquelas pessoas, vendo a chuva passar, a vida passar, sentindo o ciclo acontecer.
As lembranças mais doces da minha vida vêm da infância. Adorava observar minha avó cortando os moldes de papel de jornal para fazer as roupas que costurava com maestria. Adorava o cheiro do papel, o barulho do papel quando mexia nele.
Estudei Artes Visuais em Buenos Aires e me especializei em gravura. Morei lá até aos 24 anos. Quando terminou minha bolsa de especialização, vim para São Paulo. Me casei, tive um filho – hoje com 15 anos – e montei minha casa-ateliê.
Comecei a mexer com papel há 18 anos, ainda na faculdade, quando fiz uma escultura com a técnica de carta pesta (camadas de papel e tecido de algodão, muito usada nas máscaras venecianas). Gostei demais da técnica e desde essa época até hoje trabalho com ela.
Cada peça que eu crio tem uma história, uma carga emocional, e muitas séries estão diretamente relacionadas comigo, com a minha vida ou o que me acontece no momento. As inspirações são diversas: circo antigo, brinquedos antigos, gavetas da vovó, teatro de bonecos, ilustrações para crianças, e especialmente, flores e árvores.
Fonte: www.amomeufazer.com.br/