The Great Game Mycroft Holmes pede que Sherlock investigue a misteriosa morte de um funcionário do MI6, ligada ao desaparecimento de ultrassecretos planos militares. Mas Sherlock é logo distraído por uma série de crimes que ele deve resolver antes que reféns presos em coletes bombardeiros sejam explodidos (Moriarty sabe jogar muito bem). Os casos fazem referência a inúmeras histórias de Conan Doyle, com mais clara influência de The Bruce-Partington Plans. Deduções de sucesso de Holmes finalmente levam ao confronto que todos esperavam desde o início, o clímax da temporada, o embate face to face de Sherlock com o seu arqui-inimigo Jim Moriarty. Depois de muita tensão, de Watson se tornar refém e de uma série de explicações sobre os casos e sobre o papel de Moriarty – que age como consultor criminal – vemos aí diferença entre os dois, como são como yin e yang. O episódio termina com Sherlock apontando a arma de Watson para um colete de homem-bomba entre ele e Moriarty. Um final excelente.
Nesse episódio, Cumberbatch interpreta perfeitamente as tendências sociopatas de seu Holmes, e aborda enigmas de Moriarty com alegria, tratando os inocentes peões no jogo com desdém casual e friamente racional – e ele o faz sem antipatia.
Descobrimos também que as vidas de Moriarty e Holmes foram entrelaçadas desde a infância. O primeiro assassinato de Moriarty foi o que causou o interesse de Sherlock em investigação criminal. Ambos são gênios sociopatas desiludidos com o tédio da vida comum, mas Holmes usa suas habilidades para ajudar a resolver crimes, enquanto Moriarty opta por ser um consultor criminal. Holmes e Moriarty são duas faces da mesma moeda: você pode ver como cada um poderia facilmente tornar-se o outro.
Considerações finais – observando questões técnicas e pontos importantes. O ponto principal de Sherlock é a sua excelente história, muito bem adaptada por Moffat e Gatiss. Seu grande feito foi elevar o nível do que seria apenas uma adaptação de Sir Conan Doyle; e é muito mais qualitativa que as tentativas hollywoodianas de trazer o clássico às telas. Os ganchos, as nuances, linguagens e características são espetáculos à parte, e a construção da história, muito bem dividida, mostra como a consistência pode ser aliada à criatividade. Uma lição na escrita, de fato. Sherlock mantém um ritmo claro e consistente na sua narrativa, com a sempre inovadora direção britânica. As subjetivas e objetivas, foco e desfoco, aproximação e distanciamento, panorâmicas e enquadramentos mostram características de personagens e emoções da cena muito além de seu simples valor estético. O diretor tem controle total sobre a série, e sabe exatamente o que quer – característica que deve ser apreciada. A atuação da dupla principal é excelente. Ambos incorporam os clássicos e trazem algo novo, não se limitam a copiar. Watson é o clássico britânico, um bom homem, cercado pelos gênios excêntricos Sherlock e Moriarty, que embora sejam os sociopatas já descritos, despertam uma tremenda simpatia.
Sherlock é um frescor inovador, criativo e inteligente, muito bem-vindo em comparação aos comunscrime dramas que vêm ocupado a TV nos últimos anos, como The Mentalist, Lie to Me e as últimas temporadas dos inúmeros CSI.
Concluindo, Sherlock é uma ótima opção para quem quer curtir uma série divertida, inteligente e bem-feita – algo raro na TV nos dias de hoje. Ah, e a primeira temporada já está disponível no Netflix.
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