Todos pertencem ao grupo dos antropoides, mas é com os chimpanzés que os humanos mais se parecem. Compartilhamos 99,4% do DNA deles, segundo as pesquisas lideradas pelo biólogo Morris Goodman, na Universidade Estadual de Wayne, em Detroit (EUA). Por conta de uma diferença tão pequena, Morris acredita que o chimpanzé deva ser incluído no gênero humano e passe de Pan troglodytes para Homo (Pan) Troglodytes, o ser humano propriamente dito.
A intenção de Morris é provocar um novo olhar sobre nossos parentes mais próximos. É fazer com que as pessoas os reconheçam como seres racionais e emocionais, apenas vivendo um momento evolutivo diferente do nosso. No mundo todo, não só chimpanzés, mas gorilas, orangotangos e bonobos, provam sua inteligencia e sensibilidade fazendo com que alguns casos cheguem aos tribunais.
Um dos mais famosos casos foi o do casal de chimpanzés da Áustria, Hiasl e Rosi, impedidos de receber donativos por não serem "pessoas físicas", apesar de assistirem documentários na TV e levarem uma vida praticamente humana. Mas há avanços da consciência "humana" por toda parte. Nas Ilhas Baleares espanholas, por exemplo, os grandes primatas já ganharam status de "adultos dependentes" e não podem ser explorados científica ou comercialmente.
Grandes Primatas pelo Mundo
Eles fazem ferramentas com galhos, pedras e folhas num processo muito semelhante ao vivido pelo homem das cavernas. Possuem complexas estruturas sociais, aprendem a se comunicar por meio da linguagem dos sinais e a utilizar o computador com o raciocínio equivalente ao de uma criança de sete anos. Podem se reconhecer no espelho, assim como outros animais ou pessoas por meio de fotos.
Até mesmo socialmente alguns chimpanzés lembram bastante os humanos. Alguns deles formam grupos de solteiros, que nunca constituem família. São como aquelas gangues de motoqueiros arruaceiros que não permitem a presença feminina e nem estão interessados em ter filhos. Querem muita liberdade e pouca responsabilidade.
All, uma chimpanzé que vive num centro de pesquisas japonês, tem talento notável para os números. Coloca-os em ordem crescente e decrescente, memoriza sequências e acerta 90% dos testes que, em geral, as pessoas só acertam de 40 a 70%.
Os gorilas fazem sanduíches de folhas dobrando o lado espinhoso para dentro antes de comer. Essa e outras técnicas de como lidar com os alimentos da floresta são repassadas para os filhotes. É um processo de "aprendizado" e não intuitivo, pois os jovens necessitam aprender essas técnicas com os mais velhos.
Koko, a primeira gorila "falante", que passou mais de 30 anos entre humanos e recentemente ganhou um santuário, não só aprendeu a linguagem dos sinais, como também criou novas palavras para expressar o que sente e dar nome a coisas que não lhe tinham sido ensinadas na linguagem humana. Vítimas de ataques constantes de caçadores, alguns gorilas líderes (dorsos prateados) já aprenderam a quebrar armadilhas e a soltar macacos presos nelas. Lamentavelmente, isso não impediu o massacre que fez com que restassem apenas pouco mais de cem indivíduos, número insuficiente para que a espécie sobreviva. Acredita-se que, daqui dez anos, gorilas só possam ser vistos em zôos e santuários particulares.
Os bonobos andam de pé e eretos boa parte do tempo. Enquanto caminham pela floresta podem carregar arbustos que eles mesmos quebram para fazer suas camas. Kanzi, um bonobo criado para pesquisa comportamental, entende 5 mil palavras em inglês, inclusive sentenças. Ele também joga games no computador.
E esses são apenas alguns flashes de um mundo que pouco conhecemos e que, talvez por isso mesmo, grande parte das pessoas ainda não respeita. Conheça outras fascinantes semelhanças entre os humanos e os grandes primatas acessando em chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos. Todos os fatos mencionados nos textos foram retirados de documentários feitos ao longo dos últimos dez anos.
(Fátima Chuecco - jornalista ambientalista)