Ambientada no conturbado cenário político e econômico vivido entre os anos 70 e 80, The Americans retrata a vida de dois cidadãos russos da antiga União Soviética escolhidos para viverem nos Estados Unidos da América como se americanos fossem no período da Guerra Fria. Philip e Elizabeth Jenning vivem como o perfeito casal americano no American Way of Life, ao mesmo tempo que alimentam as informações de seu país com serviços de espionagem. A série foi criada por Joe Weisber, agente da CIA aposentado, que contribuiu com pesquisas históricas e envolvimento dos personagens com acontecimentos reais durante o período.
A série tem um dom dramático acentuado. Escolhidos dentre os alistados para o serviço de inteligência soviético, os dois protagonistas aceitam viver um relacionamento falso para servir como pano de fundo do verdadeiro propósito de suas vidas – a espionagem. Philip e Elizabeth precisam conviver com o drama de um casamento, seus sentimentos humanos e os problemas inerentes à vida conjugal, ao mesmo tempo em que não podem abrir mão da frieza exigida para realizar o trabalho clandestino para o qual foram escalados. Aí reside a principal característica dos personagens: a força mental e emocional para superar as adversidades impostas pela vida que escolheram. “Servimos a um propósito maior”, diz Elizabeth a um já confuso Philip nos primeiros episódios.
O primeiro episódio abre já diretamente com a ação espiã dos dois protagonistas. Elizabeth relaciona-se com outro homem a fim de coletar informações sigilosas para Moscou (como é chamado o quartel principal destinatário e chefe das operações) aos olhos de um incomodado Philip, que nutre sentimentos reais por sua esposa e parceira criada pelo governo soviético. “Você está ficando americano demais. Gosta demais daqui”, fala Elizabeth, em tom crítico a Philip. O descontentamento do russo com a vida dupla que levam gera confusão e problemas na vida pessoal e profissional do “casal”.
Quando um dos líderes no combate aos “Ilegais” (como são tratados os espiões russos infiltrados em território americano) se muda para a casa em frente a dos Jennings as preocupações do casal-espião aumentam: terá sido coincidência um oficial da CIA escolher o local como residência ou seus disfarces foram descobertos? O nervosismo demonstrado pelos personagens mostrar que na espionagem não é permitido acreditar em meras coincidências.
A trama se passa durante o mandato de Ronald Reagan na Casa Branca, com todos os efeitos do combate ao comunismo e promoção do capitalismo gerados pela famosa Doutrina Reagan. “Vale tudo no amor e na Guerra Fria”, diz o slogan do seriado. É verdade. Seja no drama de seu conturbado casamento ou no duelo nada secreto vivido pela União Soviética e os Estados Unidos da América, as táticas adotadas nem sempre foram as mais limpas.
Por Fábio Uequed Pitol