QUANDO NIETZSCHE CHOROU



Adaptação de um dos maiores sucessos literários no Brasil, o livro homônimo de Irvin Yalom, o filme "Quando Nietzsche Chorou" conta à história de um encontro fictício entre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (Armand Assante) e o médico Josef Breuer (Ben Cross), professor de Sigmund Freud (Jamie Elman). Nietzsche é ainda um filósofo desconhecido, pobre e com tendências suicidas. Breuer passa por uma má fase após ter se envolvido emocionalmente com uma de suas pacientes, Bertha (Michal Yannai), com quem cria uma obsessão sexual e fica completamente atormentado. Breuer é procurado por Lou Salome (Katheryn Winnick), amiga de Nietzsche, com quem teve um relacionamento atribulado. Ela está empenhada em curá-lo de sua depressão e desespero e pede ao médico que o trate com sua controversa técnica da "terapia através da fala". O tratamento vira uma verdadeira aula de psicanálise, onde os dois terão que mergulhar em si próprios, em um difícil processo de autoconhecimento. Eles então descobrem o poder da amizade e do amor. 

“Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em Röcken, Alemanha, no dia 15 de outubro de 1844. Órfão de pai aos 5 anos de idade, foi instruído pela mãe nos rígidos princípios da religião cristão. Cursou teologia e filologia clássica na Universidade de Bonn. Lecionou Filologia na Universidade de Basiléia, na Suiça, de 1868 a 1879, ano em que deixou a cátedra por doença. Passou a receber, a título de pensão, 3.000 francos suíços que lhe permitiam viajar e financiar a publicação de seus livros. Empreendeu muitas viagens pela Costa Azul francesa e pela Itália, desfrutando de seu tempo para escrever e conviver com amigos e intelectuais. Não conseguindo levar a termo uma grande aspiração, a de casar-se com Lou Andreas Salomé (uma bela mulher e inteligentíssima, atraia olhares de muitos cidadãos vienenses – O grifo é nosso), por causa da sífilis contraída em 1866, entregou-se a solidão e ao sofrimento, isolando-se em sua casa, na companhia de sua mãe e de sua irmã. Atingido por crises de loucura em 1889, passou os últimos anos de sua vida recluso, vindo a falecer no dia 25 de agosto de 1900, em Weimar(...)”
A sua grande influência na filosofia alemã diretamente para o mundo deu a Nietzsche um local de destaque na história da filosofia. Consciente da importância de relembrar a nossa sociedade sobre vida e (algumas) obra do filósofo, Irvin D. Yalon, publicou em 2000 uma obra de ficção-histórica, que levava como título o nome do que seria em breve um filme, “Quando Nietzsche chorou”. A obra se tornou Best-seller , criando um clima de discussão entre vários filósofos e psicólogos, no que repercute até hoje. O importante a ser analisado diante destas discussões é que, independente do ponto no qual o indivíduo se propõe a defender, o autor é bem claro ao se referir a sua obra como ficção-histórica, portanto não visa tirar créditos da prática psicológica criada pelo Doutor Joseph/Josef  Breuer e imortalizada pelo seu aluno Sigmund Freud, método catártico, e inseri-las na filosofia, o que este pretende é sem dúvida o levantamento e “ilustração” da passagem de Friedrich Nietzsche no consultório de Dr. Breuer e sua paixão enlouquecida por Salomé.
O filme lançado em 2007, com direção de Pinchas Perry veio popularizar a obra do autor Irvin D. Yalon, é claro que com suas modificações, e proporcionar ao público uma visualização cinematográfica do que o livro trouxe em suas páginas. 
O Filme “Quando Nietzsche Chorou”, apesar de ser uma ficção, trás um informativo histórico de grandes personalidades da história da filosofia e da psicanálise. É um filme em que o telespectador é levado a se projetar no pensamento filosófico moderno e se questionar sobre a sua realidade. É impossível assistir ao filme e não se apaixonar com a necessidade da introspecção inerente a todo ser humano.
As obras de Nietzsche, como são ditas no início do filme, são feitas por pequenos textos e citações que unidos proporcionam uma obra completa sobre o referido título desta obra.  Entre as obras de Friedrich Nietzsche todas têm o seu lugar na escala de importância, entretanto, “O Anticristo”, “Assim falava Zaratustra”, “Crepúsculo dos Ídolos”, “Humano, demasiado humano” e “Para Além do bem e do mal” são obras que se imortalizaram na filosofia moderna. Em suas obras, Nietzsche fala de humanidade, sofrimento, amor, julgamento, justiça, existencialismo, o que são facilmente notados em suas citações mais curtas, como as que se seguem do livro “Aurora” e “Para Além do bem e do mal”:
  • “Não existem fenômenos morais, mas interpretações morais dos fenômenos.”
  • “Os advogados de um criminoso são raramente bastante artistas para utilizar, em proveito do culpado, a beleza terrível de seu ato.”
  • “O criminoso não está muitas vezes à altura de seu ato: ele o amesquinha e o calunia.”
Nestas citações percebemos a preocupação de Nietzsche com o “ser justiça”, o “ter justiça” e o “fazer justiça”. É certo que as análises do pensamento de Nietzsche muitas vezes se confundem com o que queremos que elas simbolizem, mas termos como moralidade, direito e criminalidade nos levam a nos aproximar do pensamento judicial.
  • “A vontade de superar uma paixão não é, em definitivo, senão a vontade de outra ou de muitas outras paixões.”
  • “A enorme expectativa no amor sexual e a vergonha dessa expectativa estraga de uma só vez na mulher todas as perspectivas.”
  • “A sensualidade ultrapassa muitas vezes o crescimento do amor, de tal forma que a raiz permanece fraca e fácil de arrancar.”
É evidente em Nietzsche uma transmissão do que hoje consideraríamos como machismo, principalmente no que refere no comportamento feminino, entretanto, ao julgarmos as condições do filósofo em relação aos seus pensamentos sobre a mulher, é importante que tenhamos em mente que o que talvez seja o nosso jogo moral não seja o do escritor e filósofo, além de uma análise histórica das condições pessoais e sociais daquela época e sua respectiva localidade. Mas, o que não deve ser negado é a preocupação de Nietzsche com a desestabilidade do homem ao ser lançar de forma irracional no amor.
  • “Ele não esquece nada, mas perdoa tudo.” – Então será duplamente odiado, pois envergonha duplamente, com sua memória e com sua generosidade.”
  • “A vaidade é o receio de parecer original; é, portanto, uma falta de altivez, mas não necessariamente uma falta de originalidade.
  • “Certo homem pode ser a consciência de um outro e isso é particularmente importante quando o outro não tem nenhuma.”
Em suas citações sobre humanidade fica evidente o destaque que o filósofo dá no que se refere ao “ser e não ser humano”. É impressionante, com mesmo no fim do século XIX Nietzsche consegue interpretar em seus pensamentos a situação na qual estamos todos sujeitos e a que todos recorremos. Suas análises sobre religião e moralidade deixam claro que, Friedrich Nietzsche era um filósofo na frente de seu tempo, e que as suas obras só seriam entendidas em gerações futuras, isso caracteriza o seu discurso futurista e ao mesmo tempo contemporâneo.
O filme “Quando Nietzsche chorou” ao transportar o telespectador para uma visão de época, é um convite explícito para que este veja a verdade e a ficção da obra, e que este convite também seja aplicado para conhecer a vida, a obra e o pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.]
Título original: When Nietzsche Wept
Direção: Pinchas Perry 
País: EUA
Ano: 2007
Duração: 105 min.



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