BOX HOUSE DE YURI VITAL


O conjunto foi implantado em um terreno de 1011m² no bairro de Brasilândia, na zona norte da cidade de São Paulo. Antigamente, a região era formada por pequenas chácaras e vilas, que deram lugar a lotes habitacionais e residências construídas pelos próprios moradores, onde um vizinho era ajudado pelo demais e, assim, o lugarejo foi crescendo. Essa falta de planejamento e estruturação urbana influenciou o arquiteto Yuri Vital a fazer algo diferente no local: um condomínio de casas de baixo custo, mas com qualidade funcional e estética. Com esse projeto, o profissional recebeu do Instituto de Arquitetos do Brasil o Prêmio IAB na categoria "Habitação de Interesse Social", em 2008.





Quando começou a idealizar as Box Houses - o nome vem da arquitetura das casas, pensadas como se fossem caixas -, Vital logo optou por criar um meio nível abaixo do perfil do terreno e um meio nível acima, criando uma residência de dois pavimentos e vagas de garagem privativas, abaixo da casa. Ao todo, são 17 casas, com 47 m² cada uma, dispostas em duas fileiras separadas por uma rua particular.



Nas residências, no piso inferior, estão o lavabo, a cozinha e as salas de estar e jantar integradas, além de uma área de serviços. No piso superior há dois dormitórios, um deles com varanda, que dividem um banheiro. "O conceito foi o de fazer uma habitação de baixo custo que tivesse uma arquitetura que eu chamo de 'digna', criando algo inovador", diz Yuri Vital. O arquiteto conta que tinha como objetivo fazer a arquitetura de interesse social ampliar suas fronteiras, e por isso quis idealizar um projeto que se tornasse uma referência neste setor.



Como sistema construtivo, foi especificado o bloco estrutural, o que gerou, de acordo com Vital, uma economia de aproximadamente 30% em relação à alvenaria convencional, sistema que iria exigir a execução de estrutura de vigas e pilares. "Com o bloco estrutural, não é preciso fazer a estrutura. O volume de concretagem é reduzido. Não tem pilar. O bloco estrutural já é a própria estrutura", explica.



Outro fator importante para uma construção econômica e arquitetonicamente bonita foi o detalhamento do projeto. "Uma obra bem detalhada torna-se econômica durante sua execução. Neste projeto, até mesmo as pingadeiras estão detalhadas", diz o arquiteto.  Esse nível de detalhamento facilita o andamento da obra ao proporcionar à equipe do canteiro o máximo de elementos para execução correta da construção, o que evita erros e retrabalho.



A diversidade do público-alvo também foi considerada desde a concepção do projeto. O condomínio foi planejado para atender  jovens solteiros, recém-casados, casais com filhos, casais de meia idade, mas todos pertencentes às classes C e D. Por ser um projeto popular, as unidades também foram vendidas no Feirão da Caixa de 2008 por R$ 90 mil. Hoje o valor de cada casa gira em torno de R$ 135 mil



"As exigências técnicas e estéticas são as mesmas para qualquer classe", diz Yuri Vital. Talvez seja importante desmistificar o conceito de que estes aspectos sejam superficiais e só acessíveis às pessoas mais abastadas, pois é possível construir com qualidade técnica e padrões estéticos mesmo com baixo custo.  










 




Por: Dulce Rosell
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