MARCO POLO - 1ª TEMPORADA



 Enfrentar a Rota da Seda era uma jornada perigosa para os viajantes no século XIII. Mas a dimensão dos feitos deles se oferece como uma aventura pronta para um bom roteiro de televisão sem riscos de cair na monotonia. Com “Marco Polo”, a Netflix aliou as cores vivas desses périplos a milhões de dólares investidos em filmagens na Itália, na Malásia e no Cazaquistão. O resultado é uma série de dez episódios disponíveis desde ontem e com tantos altos e baixos quanto a via sem pavimentação que separava Oriente e Ocidente.


A favor do programa, em primeiro lugar, há tudo o que o dinheiro pode comprar. Figurinos, cenografia de primeira, batalhas bem produzidas e um elenco que cumpre sem problemas sua tarefa. As viagens de Marco Polo foram tão ambiciosas que impressionam ainda hoje. Mas aqui, o drama privado tem mais destaque que o painel histórico. Essa é uma das fraquezas da produção.



A trama começa em 1273, com Marco Polo (Lorenzo Richelmy) chegando ao palácio de Kublai Khan (Benedict Wong) com o pai e um grupo de aventureiros. Eles alcançam o destino depois de enfrentar os rigores do deserto, com uma tempestade de areia embalada por uma trilha sonora dramática. Lá, o pai negocia o direito de atuar na Rota da Seda em troca da captura de Marco. Ainda no primeiro episódio, voltamos três anos no tempo para entender que o protagonista conheceu o pai quando já era adulto, em Veneza. Nesse momento, testemunhamos sequências de barcos deslizando sob pontes e fumacinha vazando no quadro. O clichê do clichê também faz parte da trama. É assim com a explicação do que significou o império de Gengis Khan e seus descendentes. E com as inúmeras cenas de mulheres nuas.



A produção pode ser enxergada também como uma metáfora da sede expansionista da própria Netflix. Como faziam os mais clássicos guerreiros, ela tem a clara intenção de morder um naco da concorrência. Impossível não assistir às cenas de sexo e intrigas palacianas, guerras de reinos, etc. sem pensar no campeão de audiência “Game of thrones”, da HBO. O serviço de streaming, sem dúvida, aponta as armas para o público faminto de aventuras nessa linha.





Texto: Patricia Kogut

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